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Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
 
Logo após a publicação de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, no dia 18 de abril de 1857, em Paris, a mensagem da imortalidade da alma passou a despertar interesse inusitado.
Naquela época, o pensamento materialista estava com vigor combatendo as religiões, tais o Iluminismo e o cientificismo, em cujo período nasce o positivismo apresentado por Auguste Comte. Embora as religiões atendessem a massa humana graças ao tradicionalismo e ao vigor da sua filosofia, as correntes de intelectuais e de pensadores optavam pelo niilismo. Há pouco havia sido apresentado o livro Manifesto do partido comunista, de Karl Marx e do sociólogo, filósofo, economista e teórico político alemão Friedrich Engels, que construiu as bases para o surgimento do socialismo. “Seu conceito dialético, chamado de materialismo dialético, proporciona uma nova visão para a análise social e científica sobre a história da sociedade.”
Em toda parte, as lutas filosóficas cresciam em tentativa de proporcionar melhor discernimento das pessoas em relação à vida, e, mais do que isso, de referência à morte.
Allan Kardec havia oferecido o resultado de suas investigações em torno da paranormalidade dos seres humanos e a comunicação com os denominados mortos, confortando quantos tinham oportunidade de tomar conhecimento com o livro lançado. A correspondência aumentara expressivamente e todos desejavam saber como proceder, a fim de colher resultados semelhantes.
Foi então que, no dia 1° de abril de 1858, Allan Kardec criou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, a fim de favorecer os investigadores com um campo próprio para o debate e as experiências.
Essa Sociedade foi a primeira surgida até então, proporcionando aos seus membros o desenvolvimento do estudo dos fatores básicos da existência humana e ensejando à humanidade uma diretriz moral de segurança para a aquisição da felicidade.
Ao mesmo tempo, através da Sociedade podiam reunir-se os espíritas e os seus interessados em confraternizar, dirimir dúvidas, trabalhar pela divulgação dos princípios e da Doutrina Espírita, melhorando as massas e oferecendo recursos morais e intelectuais para que se possa entender a existência e a sua finalidade.
“Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade?” – interroga Allan Kardec nos comentários do texto de apresentação da Sociedade.
A coragem e o destemor do codificador do Espiritismo eram o dínamo que movimentava a Instituição e orientava para que não apenas acreditassem na imortalidade da alma, mas se aperfeiçoassem para vivê-la.
 
 
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, 1º de abril de 2021.

 


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