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Que fazemos do Mestre?

A História registra que antes de Jesus ser morto por crucificação, ele foi submetido a uma sequência de julgamentos por parte das autoridades religiosas (clero judaico e membros do Sinédrio), administrativas (Herodes e representantes) e políticas (romanos, representado pela figura Pilatos).  Foi também alvo de traição por parte de um dos membros do colégio apostolar que não compreendeu a magnitude da mensagem do Evangelho. Contudo, O mestre Nazareno viera ao mundo como o Messias aguardado, a fim de nos ensinar a vivência da Lei de Amor.

Ante tais ocorrências, a palavra injustiça é a que se destaca quando tomamos conhecimento de como ocorreu o julgamento de Jesus. Faliram os religiosos e os representantes oficiais da administração política. Emmanuel assinala a respeito: “Jesus Cristo!… Condenado sem culpa, vencido e vencedor… Profundamente amado, violentamente combatido! […].”[1]

Passados mais de dois mil anos, o Cristo continua a ser perseguido, e a indagação de Pilatos dirigida especialmente às autoridades religiosas ecoa ao longo do tempo e chega até nós: Pilatos perguntou: “Que farei de Jesus, que chamam de Cristo?” (Mateus, 27: 22). A resposta ainda nos cala fundo, sobretudo porque para significativa parcela dos habitantes do Planeta, a resposta ainda é a mesma: Todos responderam: “Seja crucificado!” (Mateus, 27: 23).

Verdade seja dita: somos uma humanidade que tarda em evoluir. Para que ocorra a implantação da Lei de Amor, teremos ainda que nos submeter a suplícios e manifestações de renúncias, à semelhança do Cristo, a fim de domarmos nossa índole equivocada e ainda avessa à Lei de Amor, Justiça e Caridade.  A propósito, Emmanuel oferece preciosa análise da pergunta de Pilatos e que serve de oportuna reflexão para todos nós.

QUE FAZEMOS DO MESTRE?
Que farei então de Jesus, chamado o Cristo? ─ Pilatos (Mateus, 27:22)

Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância.

Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?

Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço.

Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.

Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se entregam, a distância do trabalho digno.

Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o estômago.

Outros se acercam dEle, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.

Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo.

Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.

Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.

Outros muitos o acompanham, estrada afora, iguais a inúmeros admiradores de Galileia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe as verdades cristalinas.

Alguns imitam os beneficiários da Judeia, a levantarem mãos-postas no instante das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.

Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da responsabilidade.

Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o sem condições até à morte.

Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se a caminho da redenção, passando por impedimentos e pedradas, até ao fim da luta.

Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.

 

[1] FEDERAÇAO ESPÍRITA BRASILEIRA. Reformador. Dezembro 1968. Mensagem de Emmanuel: Perante o Divino Mestre. p. 267.

XAVIER, F. C. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 100, p. 213-214.

 


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