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Paz de Espírito 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

Em face das condições evolutivas do planeta terrestre, considerado relativamente primitivo na escala apresentada por Allan Kardec, e assim o é, porque os Espíritos que o habitam somos, igualmente, um tanto primários, em nosso processo de desenvolvimento intelecto-moral torna-se desafiadora a conquista da paz de espírito.

Esse fenômeno, a paz interior, ocorre quando conseguimos viver dominados pelos sentimentos do amor, da caridade, da compaixão e da sede de Deus.

Enquanto permanecermos no cultivo do ego e das suas manifestações inferiores, não conseguiremos a harmonia necessária para uma cultura de fraternidade.

A amizade sem jaça é ainda uma experiência psicológica muito rara em nossos relacionamentos, nos quais, porque sempre cada qual pretende ser melhor e possuir mais do que outro, a fim de oferecer-se segurança emocional.

Como é natural, a maturidade espiritual dos seres é um labor intérmino, porque marchamos da sombra da ignorância para a luz do discernimento, e as conquistas transformadoras para melhor sempre ocorrem mui lentamente.

Tendo em vista as circunstâncias ambientais, familiares e sociais, é-nos um desafio constante ascender moralmente na escala do progresso, na tentativa de alcançar a fatalidade para a qual fomos criados por Deus: a perfeição relativa!

Cultivando mais a insensatez e a competição, raramente nos preocupamos seriamente com a forma como devemos viver com o nosso próximo e resistir às teias do mal que nos tentam envolver.

A afetividade ainda se nos apresenta na forma de usufruir prazeres através da libido, sem a preocupação sincera do desinteresse de retribuição das bênçãos que podemos oferecer.

Por isso e por outras razões, os relacionamentos são mal estruturados e os conceitos em torno do progresso moral parecem não ser legítimos.

Quando o companheiro tomba no seu processo existencial, logo é julgado e sem qualquer reserva é contemplado pela calúnia e infâmia, e mesmo quando se mantém com dignidade nas lutas que empreende, parece que desperta mágoas, inveja e despeito naqueles com os quais, às vezes, contava como amigos ou afetos. Dá-se exatamente o contrário: são esses os primeiros a apedrejarem, o que parece fazer-lhes um grande bem-estar.

Esquecem-se de que chegará também a sua hora de aflição, pois que “no mundo somente tereis aflições”, como sentenciou Jesus, ou “tudo é sofrimento”, conforme esclareceu Buda.

Desse modo, busca a paz da consciência no teu mundo íntimo, vinculado a Deus, orando e confiando mesmo nos momentos mais tormentosos, e te sentirás inatingível pela maldade dos maus, dos teus amigos ou adversários.

Não te permitas perder a paz ante a acusação dos insensatos e inimigos do bem, e prossegue na luta.

 

Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 9 de março de 2023.

 


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