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Escravidão e Liberdade

 
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
 
Em todas épocas da Humanidade o ser humano, mantendo em predomínio o seu instinto de conservação da vida, procurou submeter o outro, com medo natural de ser-lhe vítima.
Desde priscas eras o bruto, o forte, o déspota, o astuto exerceram a dominação física e, às vezes, mental, sobre o seu próximo.
No período em que vivia exclusivamente sob o controle dos instintos básicos: comer, dormir e reproduzir-se, dominado por estranhos impulsos, sempre buscou ser superior aos seus contemporâneos, lutando com ferocidade pelo próprio bem-estar, mesmo que a prejuízo dos demais, que não lhes merecem consideração.
Esse comportamento foi o gerador das guerras calamitosas, que ainda hoje constituem terrível câncer na sociedade.
A escravidão foi um dos recursos utilizados pelos povos beligerantes que, ao venceram aqueles considerados adversários, pagavam alto preço para continuarem a vida em situações indignas e cruéis.
Alguns povos tornaram-se vítimas de outros por séculos, como no caso dos judeus que foram escravizados pelos egípcios e babilônios, os primeiros por quatrocentos anos.
Na Idade Média, tivemos guerras intérminas, como a dos Trinta Anos, a dos Cem Anos e ódios que ainda permanecem em muitas nações.
O denominado Colonialismo é herança espúria desse sentimento primário que tem explorado os povos submetidos, mantendo-os na miséria, enquanto são levados à exaustão, ao aniquilamento.
A escravidão negra é um desses fenômenos históricos mais lamentáveis.
Quando, após a Revolução Francesa de 1789, ensejou-se o sonho da liberdade, igualmente inata no ser humano, as leis do progresso voltaram-se para essas vítimas e concederam a libertação, sem facultar meios para a sobrevivência, mantendo incontáveis infelizes livres sob as suas degradantes administrações.
Nesse sentido, o Brasil foi o último do Ocidente a conceder o direito de vida, através da Lei Áurea, a quarta elaborada e firmada pela Princesa Isabel.
A verdade é que ainda hoje muitos dos descendentes afro-brasileiros não encontraram oportunidade de viver com a dignidade que as leis lhes permitem.
Libertados os seus ancestrais, esses ficaram em aglomerados miseráveis sem trabalho, nem possibilidade de estudar, estigmatizados e oprimidos.
A célebre Madame Roland, grande revolucionária de França, traída e condenada à guilhotina, antes de ser assassinada, gritou: – Oh! Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!
Essa liberdade dominada pelos poderosos constitui uma vergonha para a cultura e a civilização que estertoram.
 
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, 13 de maio de 2021.

 


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