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Heroísmo e liderança

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

No próximo dia 19 do corrente mês, os baianos em especial e os brasileiros em geral comemoramos o aniversário de desencarnação da veneranda abadessa Joana Angélica de Jesus, no ano de 1822, num momento de abnegação e defesa do monastério, que um grupo de portugueses desejava invadir.

Eram ainda os momentos da Independência do Brasil, em contínuas batalhas de rebelião das tropas aquarteladas nesta cidade do Salvador, que pretendiam reverter o acontecimento glorioso para o Brasil.

Quando a soldadesca com vários embriagados e em descontrole aproximou-se do convento, dominada pela selvageria, a religiosa que administrava a Casa de Deus abriu a porta de entrada antes de ser arrombada e, segurando o crucifixo, desafiou os desordeiros, exclamando: – Fora! Aqui somente entrareis sobre o cadáver de uma mulher!

Um dos bandidos, baioneta na ponta do fuzil, aproximou-se com violência e desferiu-lhe o golpe mortal, enquanto ela retrocedeu cambaleando até uma marquesa e tombou, assim facultando a entrada dos assaltantes em desalinho.

Esse acontecimento à porta do monastério permitiu que as demais religiosas e outras residentes se escondessem, poupando-se à sanha dos desvairados, que roubaram as alfaias e demais objetos de culto religioso numa debandada lamentável.

O heroísmo da mártir constitui até hoje um exemplo de liderança real para a humanidade desnorteada, na qual escasseiam vultos de tal quilate.

Infelizmente, cada dia mais são exaltados os indivíduos que se notabilizam, entre outros requisitos, pelo exotismo e vulgaridade, aberração de comportamento, ausência de compostura e forte agressividade.

Quanto mais estranhos e fúteis, embriagados pelas drogas proibidas e pela luxúria, pela ausência de qualquer ética de conduta, fazem-se seguidos por milhões de simpatizantes e adeptos das suas extravagâncias, reduzindo a busca da felicidade aos momentos de alucinação…

Concomitantemente, aumenta o número dos transtornos psicológicos, desequilíbrios orgânicos e mentais, num festival de angústia e desencanto.

Há, na psique humana, mesmo em germe, a “presença de Deus”, conforme constatação das neurociências e dos estudos e investigações de laboratório, demonstrando que o ser humano é algo mais do que o seu invólucro material, e que a morte, considerada etapa final da vida, é antes de tudo porta que se abre para a dimensão superior da Vida, a de natureza imortal.

Em consequência, há um objetivo fundamental no existir, que é progredir incessantemente e transformar a Terra num paraíso desde agora.

Faltam líderes reais, desapaixonados das ilusões e heroicos no cumprimento do dever.

Cabe-nos refletir, utilizando os instrumentos da Ciência, qual tem sido a nossa conduta.

 

Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 10 de fevereiro de 2022.

 


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