Home > Colunista > Sê fiel até o fim

Sê fiel até o fim

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

Todo ideal e compromisso afetivo deve sustentar-se na fidelidade.

A faculdade de ser fiel às determinações da vida constitui um relevante significado de dignidade moral.

À medida que o ser humano se ilustra e supera a ignorância, mais percebe a grandeza da lealdade naquilo em que se fixa, assim como naqueles que participam dos seus objetivos humanos.

Muitas vezes, o indivíduo não tem ideia da contribuição que pode oferecer e que, infelizmente, escasseia na convivência social.

Enquanto os ideais são novos e ainda não foram defrontadas as naturais dificuldades para realizar o empreendimento, parece fácil a afinidade entre as pessoas que tomam parte no projeto. À medida, porém, que o tempo avança, surgem os conflitos no relacionamento, suspeitas infundadas e, quando mais tarde ocorre alguma ruptura, aparecem as embaraçosas situações da inimizade com todas as suas consequências malévolas.

Conversações e comentários que antes sustentavam a amizade tornam-se armas utilizadas com o objetivo de difamação, de acusações injustificáveis e de maledicência perversa, que não raro se transformam em calúnias infelizes.

Há um ditado popular que assevera: “Os ouvidos que escutam hoje serão a boca da acusação mais tarde”.

Dessa forma, torna-se necessário ser prudente na amizade, evitando os arroubos das confidências e narrações indevidas, mesmo porque a censura destrutiva é veneno letal nas atividades humanas.

É curioso notar como as paixões de baixo nível agasalhadas no sentimento humano são sensíveis e estão sempre em vigília, desbordando a qualquer sinal de desconforto, de desconfiança, de desagrado.

Casais que se entendiam antes com afeto legítimo não suportam qualquer ocorrência que seja desagradável, culminando em crimes hediondos, quando contrariados.

Afetos filiais e paternais na infância e/ou na adolescência desdobram-se em ódios ferrenhos, quando se sentem atingidos por legítimas ou falsas ideias, e amigos que chegam ao homicídio por pequenezes ridículas, que antes seriam motivo de zombaria…

Empresas que se destroem, porque a ganância de um é mais forte do que a do outro, seu sócio, lentamente transformado em competidor…

Os indivíduos vivem em competição, quando seria ideal viverem em cooperação, ajudando-se reciprocamente. O problema de alguém se tornaria também do grupo em que respira, dividindo-se responsabilidades, por ter a confiança que ninguém lhe tomaria o lugar ou o sobrecarregaria com o objetivo de destruí-lo.

Foi pensando nessa fidelidade que Jesus, ao divulgar a Sua mensagem de amor, propôs: “Sê fiel até o fim”.

Significa estar ao lado especialmente nas situações mais deploráveis e infelizes, quando, realmente, necessita-se do amigo.

 

Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, 2 de junho de 2022.

 


Opções de privacidade