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Suicídio

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

O momento culminante da evolução antropológica foi aquele quando surgiu o homem.

Narra uma velha lenda que Deus, após o Seu magnífico feito, voltou à Terra para verificar a própria obra.

Tratava-se de um dia de magnífico verão, em que o Sol iluminava a Natureza na exuberância de suas luzes e cores, perfumes e encantamentos.

Em toda parte, havia beleza e magia, desde a brisa perfumada até os córregos cantantes entre relva abundante e colorida.

Deteve-se na contemplação das cores das aves e dos animais, das florestas e dos montes longínquos, sorrindo ante a variedade de tudo e a maravilhosa música no ar que a tudo embalava.

Subitamente, lembrou-se do ser humano e buscou-o em derredor, indo encontrá-lo trabalhando o solo com um instrumento rude, o semblante marcado pelo cansaço e pelo suor, demonstrando mal-estar e desencanto.

O trabalho produzia-lhe indescritível desgosto, a ponto de escapar-lhe com frequência uma praga.

Deus estava diante de um regato cuja água cristalina escorria suavemente.

Automaticamente Ele tomou de um bolo de barro e, enquanto contemplava o homem revoltado, amassava-o maleável em Suas mãos até dar-se conta de que acabava de moldar uma avezita.

Era delicada e bela. Ele sorriu, abriu-lhe o bico e disse-lhe: – Tu serás a calhandra e cantarás para que a beleza em geral e o ser humano em particular, ao escutarem-te, sintam-se felizes e não permitam que a tristeza e a revolta lhe tomem conta da existência.

Atirou-a no ar e falou com alegria: – Canta!

A partir de então, toda vez que o ser humano se aflige e está a ponto de desequilibrar-se ele se recorda da calhandra e sorri, murmurando uma melodia…

A vida em qualquer expressão em que se apresente é bênção de Deus que não pode ser ignorada.

Sejam quais forem as circunstâncias que dominem um momento, é sempre uma oportunidade de aprendizagem e de evolução.

Valorizar a ocorrência é a missão do homem e da mulher inteligentes na Terra, com o objetivo de fazê-los evoluir, descobrindo tesouros incomparáveis que jazem neles adormecidos.

Vive-se um momento de descompromisso com a vida, e as novas filosofias existenciais proclamam o prazer como única razão para existir.

Toda vez quando algo não sucede como cada qual deseja, logo surge a ideia covarde e cruel do suicídio grosseiro.

Existir significa lutar, conquistar o infinito, inebriar-se de valores grandiosos e de vitórias sucessivas.

Nada se consome no Universo. Ninguém morre. Não te iludas, buscando fugir da realidade corporal e alcançando a espiritual, porque tudo se transforma em infinitas expressões. Assim também a vida.

Viverás após o túmulo e serás feliz ou desventurado conforme hajas escolhido na caminhada física.

Supera o sofrimento e canta!

Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 8 de setembro de 2022.

 


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