Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Repete-se anualmente o comportamento de que o ano novo deve atender a todos os desejos que não foram realizados naquele que se está extinguindo.
Trata-se de um velho mecanismo do ego a fim de transferir para mais tarde tudo quanto a preguiça física e mental não conseguiu realizar no momento adequado, como se posteriormente as condições se apresentassem melhores do que as atuais.
Esse mau comportamento traz o prejuízo de acumular deveres não cumpridos, o que se transforma em um problema de produtividade moral e espiritual.
O ser humano é o clímax da evolução antropológica, no entanto, não se trata da etapa final do processo de crescimento para Deus, que nos concede o infinito de aquisições para a autoiluminação.
Toda atividade transferida é um nó a ser desatado depois com menores possibilidades de o fazer, porquanto é o próprio indivíduo quem embaraça as excelentes chances de desenvolvimento ético-moral. Por isso, o maravilhoso mecanismo das reencarnações propicia a realização do equilíbrio que foi desmantelado pela nossa negligência.
O novo ano trará os mesmos dias com as próprias exigências, algumas delas graves, necessárias, no entanto, à renovação do ser humano.
A todos nos cabe o dever de aproveitar saudavelmente as maravilhosas concessões da existência, de modo que a transformemos em um Evangelho de feitos em homenagem Àquele que nos facultou entender o mecanismo da imortalidade, que é o momento mais maravilhoso do existir.
Fosse a vida apenas o processo biológico, sem significação seriam os dois bilhões e duzentos milhões de anos que a Natureza gastou aprimorando as moléculas submarinas e produzindo o ser humano, esse desbravador do Universo.
Ao terminar este ciclo existencial, cabe-nos realizar um balanço daquilo que fizemos e programarmos automaticamente as realizações que exigem emergência, facultando-nos os avanços que a tecnologia nos vem proporcionando, mas, ao mesmo tempo, realizar a grande vertical de natureza moral, especialmente nos relacionamentos humanos.
Somos a família universal avançando para a plena felicidade que, por enquanto, ainda não temos uma ideia perfeita de como é e de como produzi-la em nosso caminho.
Amar, eis a base; servir, como caminho existencial; e perdoar, a fim de não colocar obstáculos pelo caminho.
São fáceis propostas das doutrinas psicológicas no comportamento terapêutico, para curar todas as doenças da alma e oferecer voos para mais altas conquistas.
Realizando esse esforço fraternal de evolução moral, podemos, sim, propor ao próximo um feliz Ano-Novo, em cujos votos nos incluamos sem qualquer receio, porque encontramos o decantado e clássico elixir de longa vida.
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 30 de dezembro de 2021.