“Para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível.”
— Allan Kardec [1]
Neste trecho do segundo capítulo da obra O céu e o inferno, Kardec relata que o medo da morte ocorre quando o pensamento do indivíduo está concentrado no corpo e não na alma, verdadeira fonte de vida. Para Kardec, esse medo deriva da falta de elucidação a respeito da vida imortal, entretanto, revela que sem esse medo o homem não esclarecido negligenciaria o presente. Desse modo, frisa: “O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total; igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivência da alma, velado ainda pela incerteza. Esse temor decresce, à proporção que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa. Eis aí o lado providencial da questão. Ao homem não suficientemente esclarecido, cuja razão mal pudesse suportar a perspectiva muito positiva e sedutora de um futuro melhor, prudente seria não o deslumbrar com tal ideia, desde que por ela pudesse negligenciar o presente, necessário ao seu adiantamento material e intelectual.”
Semanalmente uma curiosidade doutrinária para o nosso aprendizado.
Nos acompanhe!
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NB [1]: KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Brasília: FEB, 2019. Primeira parte, Cap.2, it.4.